O trabalho sai da seguinte questão: “Como a negritude enquanto elemento
constituinte das interseccionalidades de diferentes feminilidades produzem relações
espaciais paradoxais?” Vive-se hoje uma ruptura, ou porque não dizer, um
‘borramento’ do que seria a construção da identidade da mulher negra e sua busca
por emancipação, seja ela intelectual, financeira, afetiva e, principalmente, política. O
presente trabalho apresentará discussões sobre feminismo e feminismo negro,
fazendo um percurso da história da identidade negra feminina no Brasil e no mundo,
esclarecendo o conceito de raça para compreender como condições de
interseccionalidades produzem relações espaciais paradoxais para diferentes
feminilidades, pois há um passado de escravização que interfere ainda na atualidade
na produção espacial dessas mulheres negras. As relações espaciais na perspectiva
de uma geografia de gênero, envoltas por um cotidiano que hora surpreende e hora
sufoca, tendo como enfoque a questão interseccional, ressaltando a ideia que a
identidade da mulher negra é múltipla e atinge variados níveis de opressão, além do
racial, de gênero, social, dentre outros. Desse modo, o presente trabalho não é uma
mera dissertação fadada à academia, mas, sim, busca envolver minha própria
identidade negra que quer compreender os motivos de exclusão, alienação e
discriminação da mulher negra, avaliando de que modo essas pessoas (nós), quando
tomam consciência de sua situação política e afetiva na sociedade, nos espaços de
poder e na militância, acabam sendo ‘empurradas’ para produção de espaços em que
tenham voz e vez, dentro de um sistema patriarcal, racista e desigual.